- Bruna Thumé
- 23 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de abr.

The Woman King, ou "A Mulher Rei", lançado em 2022, é um filme estrelado por Viola Davis que conta a história das Guerreiras Agojie, do Reino de Daomé, atual Benin, na África Ocidental. No filme, a atriz interpreta uma líder deste tão importante exército de mulheres africanas.
O mais legal é que essas guerreiras realmente existiram! E não eram poucas. Elas formavam um exército composto por mais de 6 mil mulheres que ficaram conhecidas como as Amazonas de Daomé.
Segundo Viola Davis, o material de referência para a construção da história e das personagens foi um livro chamado Amazons of Black Sparta, ou "Amazonas da Esparta Negra".

Nesse post vamos contar um pouco da história dessas mulheres incríveis, e trazer um pouco dessa força para o mês da consciência negra. Vamos lá?
O contexto histórico de "A Mulher Rei"
A história do filme se passa por volta do ano de 1823, retratando alguns dos muitos conflitos entre o povo de Daomé e o Império de Oyó, localizado no sudoeste da Nigéria.
Nessa época estava acontecendo um tipo de rebelião, que no filme era coordenada pelo Rei de Daomé, Ghezo, e sua general, Nanisca, a líder das Agojie. O objetivo dos conflitos era o fim do comércio de pessoas escravizadas.
A Mulher Rei
Assista agora o trailer do filme "A Mulher Rei"!
Quem eram as Agojie?
Inicialmente, as Agojie era um grupo formado pelas esposas do Rei, e tinha como objetivo a caça de elefantes. Contudo, no decorrer do tempo, outras mulheres do reino foram se voluntariando e as Agojie acabaram se tornando uma guarda do exército.
O grupo usava uniformes, de modo que as guerreiras tinham o intuito de serem reconhecidas e temidas pelos povos vizinhos. Além disso, eram todas celibatárias, se entregando por completo ao dever de servir ao Reino.
Como o filme bem retrata, se tornar uma Agojie não era uma tarefa fácil. As aspirantes passavam por provas intensas de força, resistência física, resistência à dor, entre outros atributos necessários. Ainda, após aceitas no exército, os treinamentos eram difíceis, pois buscavam prepará-las para batalhas sangrentas.
O exército das Agojie era dividido em cinco ramos: as que lutavam na artilharia, as caçadoras de elefantes, as arqueiras, as mosqueteiras, e as que lutavam com navalhas. Ademais, seu treinamento consistia em conseguir surpreender o inimigo, por isso era um grupo muito estratégico.

Segundo Lynne Ellsworth Larsen, professora que estuda as dinâmicas de gênero entre os Daomé, estas mulheres guerreiras perturbavam a compreensão dos papéis de gênero:
“A ostentação de ferocidade, poder físico e destemor destas mulheres foi manipulada ou corrompida à medida que os europeus começaram a interpretar isso de acordo com o seu contexto”.
Infelizmente o exército francês derrotou as Agojie na segunda metade do século XIX, gerando um grande apagamento das suas memórias, apesar de o grupo não ter desaparecido por completo. Permaneceram poucas, que trataram de manter o pouco que restou da cultura das guerreiras de Daomé.
Guerreiras Ahosi - único Exército feminino da História
Neste vídeo você pode ver uma ótima explicação sobre a história das Agojie, ou Ahosi, feito pelo canal Mwana Afrika.
Agojie hoje!
E para finalizar, nesse último vídeo Lupita Nyong'o, uma atriz africana, visitou a região do antigo Reino de Daomé e lá pode conversar com o atual Rei e conhecer as Agojie de hoje, as que mantêm vivas algumas das tradições de suas ancestrais.
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