![ascendência africana](https://static.wixstatic.com/media/78e904_ac9163bfcfb249e2a23425a4b4fdc00e~mv2.png/v1/fill/w_980,h_551,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/78e904_ac9163bfcfb249e2a23425a4b4fdc00e~mv2.png)
Quando falamos em ascendência africana, existe uma infinidade de culturas diferentes. Isso porque, como todos sabem, a África é um continente gigante e com uma riqueza cultural inestimável.
Contudo, a forma como os imigrantes africanos vieram parar aqui no Brasil foi muito longe da ideal. Foram escravizados e trazidos à força. E nesse processo, suas ligações com os países de origem foram, na maioria das vezes, rompidas e esquecidas.
Por haverem poucos registros nesse contexto, encontrar o país exato de nascimento de uma ascendente africano é bastante difícil. Mas é possível, com base na região onde chegou o ancestral, identificar as principais origens dos africanos que vieram para lá.
Assim, não se chega a um local exato, mas já se torna possível haver uma aproximação com a cultura e características daquele povo.
Por isso, nesse post vamos falar um pouco mais sobre os dois principais grupos de imigrantes africanos escravizados no Brasil. Lembrando que esses são os principais, não os únicos, certo?
![crianças africanas](https://static.wixstatic.com/media/78e904_7be5fe0040a14cf0957b66b8a31cc5e9~mv2.jpeg/v1/fill/w_464,h_261,al_c,q_80,enc_auto/78e904_7be5fe0040a14cf0957b66b8a31cc5e9~mv2.jpeg)
Sudaneses
Os sudaneses dividiam-se em dois grupos, os islamizados e não islamizados. Dentre os islamizados estavam os Haúças, Mandingas e Fulas, já os não islamizados eram os Iorubás, Nagôs, Jêjes e Fanti-achantis.
De acordo com Reginaldo Brandi, em De africano a afro-brasileiro (2000), “os sudaneses constituem os povos situados nas regiões que hoje vão da Etiópia ao Chade e do sul do Egito a Uganda mais ao norte da Tanzânia”. Ademais, o principal destino destes grupos era a Bahia.
"São descritos como mais altos e corpulentos que os bantos e de nível cultural mais elevado. Desembarcaram principalmente em Salvador, sendo que posteriormente muitos foram levados para trabalhar na extração do ouro em Minas Gerais". (Bantus e Sudaneses)
Vieram principalmente para as cidades grandes, pois tinham muito conhecimento matemático, de modo que foram trazidos para ajudar na mão de obra nas construções.
![Sudaneses](https://static.wixstatic.com/media/78e904_4366050fcb9f4e61aa3fddee9248814b~mv2.jpeg/v1/fill/w_960,h_640,al_c,q_85,enc_auto/78e904_4366050fcb9f4e61aa3fddee9248814b~mv2.jpeg)
"Eram bons agricultores, plantavam milhete (espécie de milho de grão miúdo), sorgo (cereal semelhante ao milho), arroz e cereais. Também caçavam, pescavam e criavam gado. Conheciam a metalurgia, confeccionando pontas de lanças, enxadas e flechas com o ferro. Habitavam vilas com casas de taipa ou palha, próximas às terras cultivadas. Organizavam-se em torno de linhagens e dos conselhos dos anciãos, sendo estes os responsáveis pela resolução das disputas nas aldeias". (As sociedades africanas da África Ocidental)
Possivelmente pela proximidade com o mundo árabe, os sudaneses foram aos poucos incorporando as crenças islâmicas às suas próprias crenças, de modo que essa fusão resultou em uma cultura única, específica desses povos.
"O islamismo possuía alguns preceitos atraentes e aceitáveis pelas concepções religiosas africanas. Incorporava amuletos, associava as histórias sagradas às genealogias, acreditava na revelação divina, na existência de um criador e no destino. O que aconteceu de um modo geral na África Ocidental foi uma harmonização das crenças, incluindo-se Alá no conjunto de deuses ou associando-o ao Ser Supremo, e comparando as figuras de anjos e demônios às forças sobrenaturais". (As sociedades africanas da África Ocidental)
![Sudaneses](https://static.wixstatic.com/media/78e904_1af3f59dd6e44746bb844aa39a5e164c~mv2.webp/v1/fill/w_770,h_513,al_c,q_85,enc_auto/78e904_1af3f59dd6e44746bb844aa39a5e164c~mv2.webp)
Contudo, os sudaneses não islamizados foram grandes responsáveis pelas muitas manifestações religiosas existentes até hoje no Brasil, como por exemplo o culto das Nações Jêje e Nagô, muito forte ainda no sul do Brasil. Estes cultos foram usualmente incorporados à Umbanda e praticados inclusive nos mesmos "terreiros".
Por fim, apesar do desembarque no nordeste, posteriormente os sudaneses foram também encaminhados para outras regiões do país. É possível, portanto, encontrar descendentes de sudaneses e fragmentos de suas culturas pelo Brasil inteiro.
![Sudaneses](https://static.wixstatic.com/media/78e904_237b9196f2144d3eb6cf84e7d2f97abc~mv2.jpeg/v1/fill/w_780,h_520,al_c,q_85,enc_auto/78e904_237b9196f2144d3eb6cf84e7d2f97abc~mv2.jpeg)
Bantus
O termo ‘banto’ foi criado em 1862 pelo filólogo alemão Willelm Bleek e significa ‘o povo’, não existindo propriamente uma unidade banto na África. Assim, trata-se de uma designação genérica criada a partir de afinidades linguísticas.
Foram o maior grupo a chegar ao Brasil. Eram provenientes principalmente do Congo, Angola e Moçambique, e tinham como principais destinos os estados do Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os Bantus vieram para trabalhar com atividades agropastoris. Ou seja, muitos dos conhecimentos de agricultura foram trazidos por esses povos africanos.
![Bantus](https://static.wixstatic.com/media/78e904_cba76a07ab5a4bc0a17a73bac2e0783b~mv2.jpeg/v1/fill/w_980,h_735,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/78e904_cba76a07ab5a4bc0a17a73bac2e0783b~mv2.jpeg)
"Segundo Marina de Mello e Souza, “a família banto”, além de ter promovido a expansão dos povos, foi a forma básica a partir da qual os indivíduos se definiam. Toda e qualquer pessoa era, antes de mais nada, pertencente a uma família e a um clã. Havia uma solidariedade tecida por estas estruturas e fundamentada na noção de cada indivíduo pertencer e ligar-se à ancestralidade, tendo em vista que os laços de sangue constituíam os fatores mais importantes e fortes de união. Assim, a organização em aldeias estruturadas em torno de algumas famílias era a norma básica desses grupos. Posteriormente, com o aumento da população, da agricultura, foram sendo formadas vilas e cidades, levando a confederações e reinos".
Os povos bantus tinham o poder concentrado em chefes religiosos e militares. Assim, independente da forma como o Rei tivesse chego ao poder, o papel religioso era o que justificava o seu direito de governar.
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Trouxeram, assim como os sudaneses, muitos de seus cultos para o Brasil, que foram também muitas vezes incorporados aos "terreiros" de Umbanda, e deram origem à cultos como o Candomblé e a Umbanda de almas e Angola. Grande parte deles permanecem vivos até hoje, principalmente no nordeste e sudeste brasileiro.
Ademais, apesar do local de desembarque, posteriormente foram também encaminhados para outras regiões do país, de modo que podemos encontrar seus descendentes por todo o Brasil.
![Bantus](https://static.wixstatic.com/media/78e904_d5507b07bfa147a289b6d386722e24d5~mv2.jpeg/v1/fill/w_760,h_475,al_c,q_85,enc_auto/78e904_d5507b07bfa147a289b6d386722e24d5~mv2.jpeg)
Uma síntese sobre a ascendência africana
Esses dois grandes grupos, como falamos, abrangem uma grande quantidade de etnias, que foram agrupadas por suas semelhanças, principalmente as linguísticas.
Por essa razão, não se pode considerar, de maneira nenhuma, que os bantus e os sudaneses eram todos iguais.
Sabe-se que em cada região da África, habitavam grupos com culturas, religiões, costumes e aparência diferentes. Mas essa diversidade acabou sendo diminuída aqui no Brasil, por conta da grande mistura de etnias que os colonizadores promoveram.
De qualquer forma, entender a qual desses grupos pertencia seu antepassado já é um início para compreender um pouco mais sobre sua ancestralidade africana, e quem sabe essa descoberta pode te levar a uma busca mais profunda por suas origens.
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