Muitos anos após o lançamento do primeiro filme Avatar, finalmente a história pode continuar com Avatar: o caminho da água.
Nesse post falaremos um pouco sobre alguns aspectos simbólicos presentes no filme que nos remetem à importância da memória familiar.
Avatar: O Caminho da Água
No segundo filme, os Na'vi, após terem repelido a invasão humana de Pandora por muito tempo, se vêem novamente atacados pelos habitantes do planeta Terra, agora disfarçados de Avatares, usando corpos projetados em laboratório.
Como os ataques tinham como alvo principal o ex-humano Jake Sully e sua família, estes resolveram abandonar os Na'vi da floresta e seguirem o caminho das águas. O intuito era principalmente o de proteger o restante do grupo.
Na jornada pelo mar, a família passa a viver com o povo do recife, os Metkayina, e lá aprendem novas habilidades e conhecem muitos outros Na'vis.
Sendo seres da floresta, encontraram muitas dificuldades para se adaptarem nas águas, muitas delas por questões biológicas, mas no decorrer da história, acabaram aprendendo muito com aquele povo e provaram que as adaptações são possíveis.
No entanto, infelizmente os ataques humanos seguiram a família Sully e muitas batalhas aconteceram no oceano entre os invasores, a família de Jake e os Metkayina.
O filme enfatiza o tema da relação familiar e da fraternidade entre os povos, mostrando que, apesar das diferenças, a convivência e o aprimoramento são possíveis.
A árvore das almas e a memória familiar
Desde o primeiro filme, o elemento da Árvore das Almas já foi apresentado, mostrando a relação dos Na'vi com a sua ancestralidade e com sua individualidade conectada ao todo.
"Na história do símbolo, a árvore é descrita como o caminho e o crescimento para o imutável e eterno, gerada pela união dos opostos e possibilitando a mesma através do seu eterno já existir". (JUNG, 2000) - Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa
A árvore pode ser vista como símbolo do desenvolvimento psicológico e do processo de individuação. Em várias culturas a árvore é símbolo sagrado por representar algo que a transcende, como um deus ou algo ligado à estrutura do mundo e do universo.
Assim, a busca da árvore pelo céu é a busca da alma humana pela individuação.
No segundo filme, uma nova Árvore das Almas é apresentada, a do povo do Recife. Este elemento nos faz refletir sobre os muitos caminhos para se chegar ao mundo espiritual. Isso porque cada povo tem a sua árvore, mas todos se conectam com a mesma fonte de vida em Pandora.
No decorrer da história, uma das filhas de Jake tenta se conectar prematuramente com a Árvore da Vida dos Metkayina, e o fluxo de energia a faz entrar em uma espécie de colapso. No entanto, a família, após algum tempo vivendo no recife, e tendo sido por fim aceita e integrada ao grupo, pode se conectar à árvore de maneira leve e natural.
Em uma chave simbólica, podemos entender que, para se conectarem a um novo caminho espiritual, a um novo canal de energia, eles precisaram primeiro compreender e modificar certas questões internas, até estarem prontos. Foi preciso um tempo para que a família da floresta pudesse se ver como algo novo, além da floresta, se percebendo como seres além de uma identidade transitória.
O simbolismo da árvore nos remete à ancestralidade, ou seja, a tudo e a todos os que passaram por essa Terra para que possamos estar aqui hoje.
No entanto, não somos a nossa ancestralidade, somos algo novo, único, mas que carrega em si uma história maior do que podemos compreender.
O enfoque na família
O filme Avatar: o caminho das águas, trouxe um valor especial para a família, tanto a biológica, quanto a afetiva.
A história enfatizou o poder do amor e da união, pois quando tudo parecia perdido, foram sempre as relações verdadeiras que puderam salvá-los dos acontecimentos.
Jake priorizou a sua família, e foi muito julgado por isso, já que optou por fugir e protegê-los. No entanto, ao sair da floresta também o fez para proteger os demais, já que o foco dos ataques era ele, principalmente.
De todo modo, a história faz refletir sobre o valor e a força do núcleo familiar, mostrando que, ainda que tudo estivesse desmoronando, aquele núcleo era capaz de suportar se mantivessem a união.
O caminho das águas e a vida emocional
O caminho das águas nos remete a um caminho de emoções e de sentimentos. Isso porque a água simboliza essa vida emocional, de ciclos.
Ao saírem para os mares, a família se deparou com uma vida diferente que despertou neles, gradativamente, uma consciência diferente deles mesmos.
Nessa perspectiva, o segundo filme desenvolve muito mais o aspecto emocional das personagens, demonstrando emoções e desafios psicológicos mais complexos.
Assim, Jake e sua família não fugiram, mas sim mergulharam no mais profundo deles mesmos, nas águas. E sempre juntos, puderam relembrar e desenvolver vários aspectos de suas personalidades para renascerem mais fortes do que antes.
Quando falamos de genealogia, estamos tratando da memória familiar e da importância de recordar a história e as pessoas que fizeram parte dela.
Ao recordarmos, honramos nossos antepassados, e damos a eles a possibilidade de serem vistos como parte de uma história muito maior que a deles.
Por vezes, ao recordar, afirmamos posturas culturais que foram esquecidas, soterradas pelo tempo ou por uma sociedade cheia de preconceitos.
Encontramos em nossa história muitos exemplos de vidas que foram silenciadas ou apagadas.
Mas para o nosso sistema familiar, colocar a consciência em cada indivíduo que permitiu o nosso nascimento, é libertador e fortalece a nossa identidade.
Isso porque toda essa história nos molda, consciente ou inconscientemente. Contudo, ir gradativamente colocando consciência em nossos aspectos históricos familiares nos faz ter mais noção de quem somos, e nos coloca mais perto daquele tão sonhado autoconhecimento.
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