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Atualizado: 7 de abr.



moana

Moana é um filme de animação da Disney que conta a história da filha do chefe de uma tribo Motonui, da Polinésia. Na animação, Moana, a personagem principal, vai em busca de Maui, um semideus lendário, com o intuito de que ele salve seu povo da ira de Te Kã, o poderoso ser de lava que despertou quando Maui roubou o coração da deusa Te Fiti. Moana, por alguma razão, foi escolhida pelo oceano para devolver o coração de Te Fiti e restaurar a paz nas ilhas do Pacífico Sul.



A identidade cultural de Moana


Trata-se de um filme cheio de simbolismos, mas para a genealogia, algumas chaves são especialmente importantes, como por exemplo a relação do povo da tribo Motonui com o mar. Era uma tribo que vivia dessa relação, da pesca, da navegação, e essa era sua característica mais marcante.


Contudo, quando o grande Te Kã despertou, a relação da tribo com o mar foi praticamente rompida pelo medo, as embarcações foram guardadas e o povo perdeu, de certa forma, a identidade. Os Motonui passaram a viver de outras atividades, mas não se encaixavam plenamente, pois esqueceram uma característica intrínseca à sua cultura, o mar.


Quando Moana é chamada pelo oceano para devolver o coração de Te Fiti, ela se lança em uma aventura que a reconecta com a alma marinha do povo Motonui. Inicialmente, é claro, existe resistência, medo, e apego àquela forma de vida, ainda que não seja a própria para eles. Mas a história mostra a importância da reconexão com a cultura original, e o descobrimento da identidade pessoal que acontece nesse processo.


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Te Fiti e o coração roubado


Outra chave simbólica importante para a reflexão acerca da identidade é Te Fiti. A deusa, que era uma representação de uma natureza exuberante e viva, teve seu coração roubado por pelo semideus Maui, e isso a transformou em Te Kã, uma gigante de lava tomada pela ira e pelo desejo de vingança.


Ou seja, sem o coração, ela não se lembrava mais quem era, e ainda que fosse na verdade a deusa Te Fiti, estava totalmente desconectada de sua essência, de sua ancestralidade. E esse simbolismo nos mostra que no coração está a conexão com nossa identidade, e também com nossa memória, pois se não recordamos do nosso passado, não recordamos que somos.


tefiti

E a própria palavra recordar indica essa conexão, já que recordar vem do latim recordari, re (de novo, novamente) e cordis (coração). Assim, o significado etimológico da palavra traz o ato de trazer algo ao coração, fazer com que algo passe novamente pelo coração, e que daí então a memória é trazida à tona.


Por isso, quando Moana devolve o coração à Te Kã, a deusa pode novamente recordar quem é, e volta a se mostrar como Te Fiti. E isso nos leva a refletir sobre o quanto o nosso coração está conectado à nossa memória, e sobre como só podemos realmente recuperar nossa identidade quando nos recordamos do nosso passado, de quem fomos, para que assim possamos ser uma continuação do que éramos, e não algo diferente a cada novo ciclo.


Pois se não buscamos o nosso passado, vivemos como se cada nova fase fosse uma página em branco, e por consequência, vivemos como se nos tornássemos essa página vazia sem qualquer conexão com a memória e todas as experiências vividas.


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A reconexão com a ancestralidade e a identidade cultural


Essa reconexão com a nossa história traz elementos muito interessantes, pois além de entendermos mais quem somos, nos apropriamos de características culturais esquecidas pelas gerações anteriores, e assim podemos restaurar e manter tradições de nossos ancestrais.


Ainda, a falta de compreensão da nossa origem cultural faz com que seja difícil compreender o nosso local no mundo, ao menos no aspecto cultural. A que cultura pertencemos? Ou de qual conjunto de culturas somos parte? São questionamentos comuns de pessoas em busca desse recordar, em busca dessa identidade grupal perdida, que irá refletir, sem dúvidas, na identidade individual de cada um.




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